Levantamento da Polícia Federal mostra que mais de 100 inquéritos de compra de votos já foram abertos em todo o Brasil, desde o início do ano. Isso sem contar os mais de 73,5 mil casos de irregularidades registradas no Pardal, aplicativo da Justiça Eleitoral.
A distribuição de dentaduras, botijão de gás ou outras vantagens em troca de votos fazem parte do anedotário eleitoral do país, mas a prática, considerada crime, está longe de ter ficado no passado. No Piauí, desde o dia 16 de agosto – quando começou a campanha eleitoral, até hoje, já são quase 500 denúncias eleitorais, em diversas cidades piauienses.
Isso equivale a um caso a cada 2h, em média. E a preocupação dos órgãos eleitorais e fiscalizadores é a ampliação dessa prática essa semana, quando se aproxima de fato as eleições. O registro mais recente, por exemplo, foi verificado em Piracuruca.
A professora Maria Mendes, que busca uma vaga na Câmara de Vereadores de Piracuruca pelo PSD, denunciou, por meio de uma live na internet, um suposto crime de compra de voto por parte do prefeito da cidade, Assis Mãozinha (PT), que busca à reeleição.
Mendes, inclusive, apresentou como prova um vídeo com indícios da prática delituosa. Nele, o atual gestor aparece oferecendo dinheiro a um eleitor.
A gravação mostra o prefeito Mãozinha, de costas, ao lado do líder comunitário Domingues José, que foi candidato a vereador em 2020, conversando com um eleitor. O gestor fala de apoio político e em certo momento entrega a quantia R$ 1,5 mil.
A denúncia foi registrada Ministério Público Eleitoral, que sinalizou que a investigação será aberta junto a PF para apurar a veracidade dos fatos. Caso seja comprovada a denúncia, Mãozinha pode ter o registro cassado.
O prefeito Assis de Mãozinha não se manifestou sobre a denúncia, tampouco sobre sua imagem e fala no vídeo. Todo o material da gravação foi anexado na denúncia feita candidata a vereadora.
A compra de votos é crime eleitoral no Brasil, e leva à cassação e inelegibilidade dos políticos. Quem vende também pode ser responsabilizado, com pena de até quatro anos de reclusão e pagamento de multa.